quinta-feira, 28 de maio de 2009

A origem de @





Os Copistas medievais e o século XXI. Cultura e curiosidades…

Na idade média os livros eram escritos à mão pelos copistas.

Precursores da taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido. O motivo era de ordem económica: a tinta e o papel eram valiosíssimos.


Foi assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um 'm'ou um 'n') que nasalizava a vogal anterior. Um til é um enezinho sobre a Letra. O nome espanhol Francisco, que também era grafado 'Phrancisco', ficou com a abreviatura 'Phco' e 'Pco'. Daí que foi fácil o nome Francisco ganhar em espanhol o diminutivo Paco.


Os santos, ao serem citados pelos copistas, eram identificados por um feito significativo em suas vidas. Assim, o nome de São José aparecia seguido de 'Jesus Christi Pater Putativus', ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde os copistas passaram a adoptar a abreviatura 'JHS PP' e depois 'PP'. A pronúncia dessas letras em sequência explica porque José em espanhol tem o diminutivo de Pepe.


Já para substituir a palavra latina 'et' ('e'), os copistas criaram um símbolo que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse sinal é popularmente conhecido como ' e' comercial e, em inglês, tem o nome de ampersand, que vem do 'and' ('e' em inglês) + 'per se'(do latim 'por si') + 'and'.


Com o mesmo recurso do entrelaçamento de letras, os copistas criaram o símbolo @ para substituir a preposição latina 'ad', que tinha, entre outros, o sentido de 'casa de'.

Veio a imprensa, foram-se os copistas, Mas os símbolos @ e & continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço; por exemplo, o registo contabilístico mailto:'10@£3' significava '10 unidades ao preço de 3 libras cada uma'.

Nessa época o símbolo @ já ficou conhecido como, em inglês, 'at' ('a' ou 'em').


No século XIX, nos portos da Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar práticas comerciais e contabilísticas dos ingleses.


Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @, supuseram, por engano, que o símbolo seria uma unidade de peso.

Para este entendimento contribuíram duas coincidências:

1- A unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo 'a' inicial lembra a forma do símbolo.

2- Os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registo de '10@£3' como 'dez arrobas a 3 libras cada uma'. Então, o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar arroba.


Arroba veio do árabe ar-ruba, que significa 'a quarta parte': arroba (15 kg em números redondos) correspondia a 1/4 de outra medida de origem árabe (quintar), o quintal (58,75 kg).


As máquinas de escrever, na sua forma definitiva, começaram a ser comercializadas em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais dactilografados). O teclado tinha o símbolo '@', que sobreviveu nos teclados dos computadores.

Em 1972, ao desenvolver o primeiro programa de correio electrónico (e-mail), Roy Tomlinson aproveitou o sentido '@' ('at' em inglês), disponível no teclado, e utilizou-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim Fulano@ProvedorX passou a significar 'Fulano no provedor (ou na casa) X'.


Em diversos idiomas, o símbolo '@' ficou com o nome de alguma coisa parecida com sua forma. Em italiano chiocciola (caracol), em sueco snabel (tromba de elefante), em holandês, apestaart (rabo de macaco).


Noutros idiomas, tem o nome de um doce em forma circular: shtrudel em Israel, strudel na Áustria, pretzel em vários países europeus.

sábado, 23 de maio de 2009

Ser Alentejano....



Ora aqui está uma boa explicação!

O ALENTEJO

Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo, o rio da portugalidade. O rio que divide e une Portugal e que à semelhança do Homem Português, fugiu de Espanha à procura do mar.


O Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da planície dão-lhe a espiritualidade, a tranquilidade e a paciência do monge; as amplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a

resistência física, a rusticidade, a coragem e o temperamento do guerreiro. Não é alentejano quem quer. Ser alentejano não é um dote, é um dom. Não se nasce alentejano, é-se alentejano.


Portugal nasceu no Norte mas foi no Alentejo que se fez Homem.

Guimarães é o berço da Nacionalidade, Évora é o berço do Império Português. Não foi por acaso que D. João II se teve de refugiar em Évora para descobrir a Índia. No meio das montanhas e das serras um homem tem as vistas curtas; só no coração do Alentejo, um homem consegue ver ao longe.


Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao reino depois de dobrar o Cabo das Tormentas, sem conseguir chegar à Índia para D. João II perceber que só o costado de um alentejano conseguia suportar com o

peso de um empreendimento daquele vulto. Aquilo que para o homem comum fica muito longe, para um alentejano fica já ali. Para um alentejano não há longe, nem distância porque só um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida de velocidade, mas uma

corrida de resistência onde a tartaruga leva sempre a melhor sobre a lebre.


Foi, por esta razão, que D. Manuel decidiu entregar a chefia da armada decisiva a Vasco da Gama. Mais de dois anos no mar... E, quando

regressou, ao perguntar-lhe se a Índia era longe, Vasco da Gama
respondeu: «Não, é já ali.». O fim do mundo, afinal, ficava ao virar da esquina.


Para um alentejano, o caminho faz-se caminhando e só é longe o sítio

onde não se chega sem parar de andar. E Vasco da Gama limitou-se a continuar a andar onde Bartolomeu Dias tinha parado. O problema de Portugal é precisamente este: muitos Bartolomeu Dias e poucos Vasco da Gama. Demasiada gente que não consegue terminar o que começa, que

desiste quando a glória está perto e o mais difícil já foi feito. Ou seja, muitos portugueses e poucos alentejanos.


D. Nuno Álvares Pereira, aliás, já tinha percebido isso. Caso contrário, não teria partido tão confiante para Aljubarrota. D. Nuno

sabia bem que uma batalha não se decide pela quantidade mas pela qualidade dos combatentes. É certo que o Rei de Castela contava com um poderoso exército composto por espanhóis e portugueses, mas o Mestre de Avis tinha a vantagem de contar com meia-dúzia de alentejanos. Não se estranha, assim, a resposta de D. Nuno aos seus irmãos, quando o tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporção
numérica: «Vocês são muitos? O que é que isso interessa se os alentejanos estão do nosso lado?»


Mas os alentejanos não servem só as grandes causas, nem servem só para as grandes guerras. Não há como um alentejano para desfrutar plenamente dos mais simples prazeres da vida. Por isso, se diz que

Deus fez a mulher para ser a companheira do homem. Mas, depois, teve de fazer os alentejanos para que as mulheres também tivessem algum prazer. Na cama e na mesa, um alentejano nunca tem pressa. Daí a resposta de Eva a Adão quando este, intrigado, lhe perguntou o que é

que o alentejano tinha que ele não tinha: «Tem tempo e tu tens pressa.» Quem anda sempre a correr, não chega a lado nenhum. E muito menos ao coração de uma mulher. Andar a correr é um problema que os alentejanos, graças a Deus, não têm. Até porque os alentejanos e o

Alentejo foram feitos ao sétimo dia, precisamente o dia que Deus tirou para descansar.

E até nas anedotas, os alentejanos revelam a sua superioridade humana e intelectual. Os brancos contam anedotas dos pretos, os brasileiros

dos portugueses, os franceses dos argelinos... só os alentejanos contam e inventam anedotas sobre si próprios. E divertem-se imenso, ao mesmo tempo que servem de espelho a quem as ouve.

Mas para que uma pessoa se ria de si própria não basta ser ridícula

porque ridículostodos somos. É necessário ter sentido de humor. Só que isso é um extra só disponível nos seres humanos topo de gama.

Não se confunda, no entanto, sentido de humor com alarvice. O sentido

de humor é um dom da inteligência; a alarvice é o tique da gente bronca e mesquinha. Enquanto o alarve se diverte com as desgraças alheias, quem tem sentido de humor ri-se de si próprio. Não há maior honra do que ser objecto de uma boa gargalhada. O sentido de humor

humaniza as pessoas, enquanto a alarvice diminui-as. Se Hitler e Estaline se rissem de si próprios, nunca teriam sido as bestas que foram.

E as anedotas alentejanas são autênticas pérolas de humor: curtas, incisivas, inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de observação, um sentido crítico e um poder de síntese notáveis.


Não resisto a contar a minha anedota preferida. Num dia em que chovia muito, o revisor do comboio entrou numa carruagem onde só havia um passageiro. Por sinal, um alentejano que estava todo molhado, em virtude de estar sentado num lugar junto a uma janela aberta. «Ó amigo, por que é que não fecha a janela?», perguntou-lhe o revisor.
«Isso queria eu, mas a janela está estragada.», respondeu o alentejano. «Então por que é que não troca de lugar?» «Eu trocar, trocava... mas com quem?»


Como bom alentejano que me prezo de ser, deixei o melhor para o fim. O Alentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo onde não é castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é aquilo por que qualquer alentejano anseia. E o pão... Mas há melhor iguaria do que o pão alentejano? O pão alentejano come-se com tudo e com nada. É aperitivo, refeição e sobremesa. E é o único pão do mundo que não tem pressa de ser comido. É tão bom no primeiro dia como no dia seguinte ou no fim da semana. Só quem come o pão alentejano está habilitado para entender o mistério da fé. Comê-lo faz-nos subir ao Céu!


É por tudo isto que, sempre que passeio pela charneca numa noite quente de verão ou sinto no rosto o frio cortante das manhãs de Inverno, dou graças a Deus por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem almejar?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

O que é a FOME? "Chicken a la Carte", Ferdinand Dimadura

Um filme chocante, mas importante, para que saibamos o que também é a realidade e para que aprendamos a valorizar o que temos e a sermos solidários com os que nada têm.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Vasco Granja (1925-2009)

Morreu Vasco Granja, célebre divulgador de BD

Morreu Vasco Granja, célebre divulgador de BD
Responsável pela divulgação de milhares de obras de banda desenhada e de cinema de animação junto de sucessivas gerações de pessoas, Vasco Granja faleceu ontem de madrugada, na sua residência, em Cascais. Contava 83 anos.
A televisão tornou o rosto de Vasco Granja familiar para milhões de pessoas. No entanto, apesar de ter conduzido na RTP mais de um milhar de programas dedicado à animação, o seu interesse por esta arte surgiu muito tempo antes, quando lia as revistas "O Mosquito" e "Tic-Tac" e passava horas nos cineclubes.
A paixão foi alimentada pelo facto de ter acumulado vários empregos ligados à área: trabalhou numa casa de fotografia, numa tabacaria ou Armazéns do Chiado e, finalmente, na livraria Bertrand, onde permaneceu quase trinta anos e dirigiu a revista "Tintin".
Apesar da histórica ligação à RTP, na qual colaborou entre 1974 e 1990, a verdade é que a maioria destes programas, intitulados "Cinema de animação", terá sido apagada dos arquivos da televisão pública.
Parte do sucesso do programa deveu-se ao esforço de Vasco Granja em mostrar a animação que havia para lá das portas do castelo de Walt Disney. Foi desse modo que deu a conhecer personagens como Bugs Bunny e a Pantera Cor-de-Rosa, mas também histórias de bonecos de plasticina, sombras chinesas ou com ursos de peluche animados, a maioria das quais provenientes da então pujante cinematografia de animação do Leste da Europa.
A sua faceta de divulgador foi ainda mais notória na banda desenhada, devendo-se ao seu esforço continuado a publicação de "Corto Maltese", de Hugo Pratt, pela Bertrand.
Cinéfilo apaixonado e militante do Partido Comunista, Vasco Granja foi detido duas vezes pela PIDE por organizar sessões de cinema, muitas delas com filmes que ia buscar por conta própria às embaixadas em Lisboa.
Da sua actividade consta também o papel determinante no arranque do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que o homenageou com um troféu de honra em 1996, bem como a frequência dos festivais de BD no estrangeiro ou a organização dos ciclos de cinema de animação, dois dos quais para os detidos na Cadeia do Linhó.
O corpo do divulgador de BD estará em câmara-ardente a partir das 18.30 horas de hoje na capela da Damaia, na Amadora. O funeral realiza-se hoje às 15 horas, rumo ao cemitério de Rio de Mouro, Sintra, onde o corpo será cremado.
in Jornal de Notícias

Vasco Granja (Campo de Ourique, 10 de Julho de 1925 - Cascais, 4 de Maio de 2009) foi um apresentador de televisão português, reconhecido pelo seu grande contributo para a divulgação da animação e da banda desenhada em Portugal.
De seu nome completo Vasco de Oliveira Granja, nasceu a 10 de Julho de 1925, no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa em Portugal, vindo a falecer em Cascais, na madrugada do dia 4 de Maio de 2009. Estudou na escola 12 do Bairro Alto, em Lisboa, e na Escola Industrial Machado de Castro, a qual abandonou após uma reprovação na disciplina de álgebra, no quarto ano.
Aos 15 anos de idade, encontrou o seu primeiro emprego, nos Armazéns do Chiado. Era responsável pelas amostras de seda que eram oferecidas às clientes. Algum tempo mais tarde, foi transferido para o departamento de publicidade, quando notaram que tinha um grande gosto pela leitura. Pintava cartazes com anúncios para as montras.
Como o ordenado não era suficiente, mudou de emprego, tendo ido trabalhar para a Foto Áurea, na Rua do Ouro, em Lisboa, estabelecimento esse que hoje já não existe. Nessa altura, visitava com frequência a Biblioteca Nacional, que estava aberta aos jovens. Interessava-se já por museus, pintura e pelo desporto, tendo sido sócio do Benfica durante algum tempo.
Durante a sua infância, apaixonou-se pelo cinema. Como na altura não existia classificação etária nos cinemas, percorreu todos os que existiam em Lisboa.
Casou-se com Maria Inácia, uma jovem de família oriunda do Ribatejo, que conheceu num baile em Lisboa. Tiveram uma filha e duas netas.
No decorrer dos anos 50, durante o regime fascista em Portugal, associou-se ao movimento cineclubista. Em Lisboa, participava no aluguer de salas e na projecção de filmes obtidos através das embaixadas, em formato de 16 milímetros. Os filmes tinham sempre que passar pela censura. Apesar disso, conseguiam mostrar filmes do
neo-realismo italiano. Em 1952, foi detido pela PIDE, em consequência do dinheiro dos bilhetes para os filmes se destinar a financiar o movimento de resistência ao regime do Estado Novo. Esteve preso durante seis meses, na prisão do Aljube.
Em 1960, esteve presente no festival de animação de
Annecy, em França, a representar Portugal. Durante essa viagem, a primeira fora do seu país, ganhou uma nova paixão pela animação. O cineasta canadiano de animação Norman McLaren tornou-se o seu maior ídolo. Viria a conhecê-lo pessoalmente.


Vasco Granja esteve ligado ao PCP e participou na festa do jornal do partido, a festa do Avante.
Durante os anos 60, foi novamente detido pela
PIDE, devido à sua ligação na altura ao Partido Comunista Português, mais concretamente à célula comunista dos cineclubes. Esteve preso durante 16 meses, tendo cumprido parte desse tempo em Peniche. Na prisão, foi submetido a várias torturas físicas e psicológicas, como a tortura do sono.
Em 1974, deu início a um novo programa de televisão, denominado "Cinema de Animação", na RTP, que viria a durar 16 anos, com mais de mil programas transmitidos. Nesses programas, dava a conhecer a animação de todo o mundo, desde aquela que era realizada nos países do leste da Europa, até à proveniente da América do Norte. Pretendia, com o seu programa, divulgar, para além da própria animação, uma mensagem de paz, que considerava estar presente em muitos dos filmes da Europa de Leste que transmitia.
Ainda em 1974, foi membro do júri do Festival Internacional de Banda Desenhada de
Angoulême.
Em 1975, criou um curso de cinema de animação, a partir do qual viria a nascer a Associação Portuguesa de Cinema de Animação.
Em 1980, foi membro do júri da quarta edição do Animafest, o Festival Mundial de Animação de Zagreb, realizado na então Jugoslávia. Participara já como observador neste festival na edição de 1974, logo após o 25 de Abril.
Permaneceu na RTP até 1990.
Teve uma breve aparição no programa humorístico de televisão
Herman Enciclopédia, em 1998, durante a qual parodiava os seus próprios programas sobre animação.
A
Festa do Avante de 2006, organizada pelo Partido Comunista Português, contou com a sua participação na selecção de filmes de animação de diversas origens, com particular destaque para películas oriundas da antiga Checoslováquia.
in
Wikipedia

domingo, 3 de maio de 2009

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa




Opinião
Editorial: O dia da mãe de todas as liberdades

03.05.2009 - 17h02 Nuno Pacheco
Hoje, data em que se assinala o Dia da Mãe, celebra-se também o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que é, em sentido lato, a mãe de todas as liberdades. Larry Kilman, num editorial publicado no site da WAN (World Association of Newspapers), recordava ontem essa verdade elementar, que é partilhada por muitos: "Sem o direito a informar e a expressar-se livremente, ninguém poderá reclamar outros direitos.

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"Claro que a data é, quase sempre, usada para acertar contas no relatório sinistro das perdas: de direitos e de vidas. E o que devia ser pretexto para indignação acaba por, infelizmente, como sucede com a repetição mecânica do número de mortos nas guerras, pretexto para amolecer a capacidade de revolta. É diferente saber, num dado momento, que um jornalista foi abatido a sangue-frio quando empunhava uma câmara ou um microfone do que ver tal morte diluída nas estatísticas. E, nestas, sabe-se agora que em 2008, só em matéria de jornalistas assassinados, o Iraque levou a dianteira, com 14 mortos, seguido do Paquistão (sete), da Índia (sete) e das Filipinas (seis).
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Mas não se calam os jornalistas apenas matando-os e, por isso, todos os anos há uma lista de detenções que alastra pelo mundo. É outra frente de combate. Em 2008, foram detidos 673 jornalistas e, em Dezembro, 125 continuavam nas prisões, sujeitos a penas variáveis. A maior parte das detenções deu-se, sem surpresa, em África, mas os países onde os jornalistas mais continuam a cumprir penas de prisão são a China (28), Cuba (21), Birmânia (14) ou a Eritreia (13), isto para não falar de países como a Coreia do Norte, onde a imprensa livre é proibida. Há um dado novo: os blogers passaram a integrar, também, a lista dos perseguidos. O que torna óbvio que os ataques à liberdade de imprensa visam, em primeiro lugar, a liberdade de expressão de todos os cidadãos.
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Mas se os regimes corruptos, ditatoriais ou repressivos são os inimigos crónicos da liberdade de informar, será que ganharam um "aliado" temporário na crise económica? Outro relatório anual, o da Freedom House (ver pág. 16), garantia ontem que sim, afirmando que, "tanto nos países ricos, como nos países pobres, as pressões sobre a liberdade dos media crescem de todos os lados e estão a ameaçar cada vez mais os ganhos consideráveis do último quartel do século XX". Isto num quadro global em que apenas 17 por cento dos habitantes da Terra contam com imprensa livre e em que, pelo sétimo ano consecutivo, a liberdade de imprensa no mundo continuará a regredir.
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Mas há quem defenda que, mais do que a crise ou do que as pressões para garantir a difícil sustentabilidade dos media nestes tempos difíceis, será o mau jornalismo o principal coveiro do jornalismo tout court. O acesso gratuito e irrestrito à informação como ideal veio favorecer a circulação (na Internet, em ecrãs públicos, em folhas que se fazem passar por jornais) de coisas que, a coberto de informar, por vezes não passam de propaganda ou mera difusão de interesses particulares. Se a defesa do jornalismo, apesar da crise, das contenções, das reestruturações mais duras, não passar em simultâneo pela aposta intransigente na qualidade jornalística, então algo falhará no processo. E amanhã, a par dos que não têm liberdade de imprensa, estarão muitos que julgam tê-la sem na verdade a ter. Nessa altura, o mundo estará ainda mais pobre. E mais submisso.
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Dia da Mãe




As mais antigas celebrações do Dia da Mãe remontam às comemorações primaveris da Grécia Antiga, em honra de Rhea, mulher de Cronos e Mãe dos Deuses. Em Roma, as festas comemorativas do Dia da Mãe eram dedicadas a Cybele, a Mãe dos Deuses romanos, e as cerimónias em sua homenagem começaram por volta de 250 anos antes do nascimento de Cristo.
Durante o século XVII, a Inglaterra celebrava no 4º Domingo de Quaresma (40 dias antes da Páscoa) um dia chamado "Domingo da Mãe", que pretendia homenagear todas as mães inglesas. Neste período, a maior parte da classe baixa inglesa trabalhava longe de casa e vivia com os patrões. No Domingo da Mãe, os servos tinham um dia de folga e eram encorajados a regressar a casa e passar esse dia com a sua mãe.
À medida que o Cristianismo se espalhou pela Europa passou a homenagear-se a "Igreja Mãe" – a força espiritual que lhes dava vida e os protegia do mal. Ao longo dos tempos a festa da Igreja foi-se confundindo com a celebração do Domingo da Mãe. As pessoas começaram a homenagear tanto as suas mães como a Igreja.
Nos Estados Unidos, a comemoração de um dia dedicado às mães foi sugerida pela primeira vez em 1872 por Julia Ward Howe e algumas apoiantes, que se uniram contra a crueldade da guerra e lutavam, principalmente, por um dia dedicado à paz.
A maioria das fontes é unânime acerca da ideia da criação de um Dia da Mãe. A ideia partiu de Anna Jarvis, que em 1904, quando a sua mãe morreu, chamou a atenção na igreja de Grafton para um dia especialmente dedicado a todas as mães. Três anos depois, a 10 de Maio de 1907, foi celebrado o primeiro Dia da Mãe, na igreja de Grafton, reunindo praticamente família e amigos. Nessa ocasião, a sra. Jarvis enviou para a igreja 500 cravos brancos, que deviam ser usados por todos, e que simbolizavam as virtudes da maternidade. Ao longo dos anos enviou mais de 10.000 cravos para a igreja de Grafton – encarnados para as mães ainda vivas e brancos para as já desaparecidas – e que são hoje considerados mundialmente com símbolos de pureza, força e resistência das mães.
Segundo Anna Jarvis seria objectivo deste dia tomarmos novas medidas para um pensamento mais activo sobre as nossas mães. Através de palavras, presentes, actos de afecto e de todas as maneiras possíveis deveríamos proporcionar-lhe prazer e trazer felicidade ao seu coração todos os dias, mantendo sempre na lembrança o Dia da Mãe.
Face à aceitação geral, a sra. Jarvis e os seus apoiantes começaram a escrever a pessoas influentes, como ministros, homens de negócios e políticos com o intuito de estabelecer um Dia da Mãe a nível nacional, o que daria às mães o justo estatuto de suporte da família e da nação.
A campanha foi de tal forma bem sucedida que em 1911 era celebrado em praticamente todos os estados. Em 1914, o Presidente Woodrow Wilson declarou oficialmente e a nível nacional o 2º Domingo de Maio como o Dia da Mãe.
Hoje em dia, muitos de nós celebram o Dia da Mãe com pouco conhecimento de como tudo começou. No entanto, podemos identificar-nos com o respeito, o amor e a honra demonstrados por Anna Jarvis há 96 anos atrás.
Apesar de ter passado quase um século, o amor que foi oficialmente reconhecido em 1907 é o mesmo amor que é celebrado hoje e, à nossa maneira, podemos fazer deste um dia muito especial.
E é o que fazem praticamente todos os países, apesar de cada um escolher diferentes datas ao longo do ano para homenagear aquela que nos põe no mundo.
Em Portugal, até há alguns anos atrás, o dia da mãe era comemorado a 8 de Dezembro, mas actualmente o Dia da Mãe é no 1º Domingo de Maio, em homenagem a Maria, Mãe de Cristo.
No Brasil, o Dia das Mães é celebrado no segundo domingo de Maio, conforme decreto assinado em 1932 pelo presidente Getúlio Vargas.
Em Israel o dia da mãe deixou de ser celebrado, passando a existir o dia da família em Fevereiro.

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